‘Fulano é bipolar’: por que não se deve banalizar o transtorno

Psicólogo diz que chamar alguém de bipolar reforça desinformação e preconceito. Com mudança de hábitos é possível controlar transtorno

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Dia 30 de março é reconhecido como o Dia Mundial de Conscientização sobre o Transtorno Bipolar, uma data dedicada à disseminação de informações e à redução do estigma associado a esta condição complexa. Acredita-se que Vincent Van Gogh, provavelmente, tinha transtorno bipolar. Por isso, escolheu-se a data de nascimento do pintor holandês para promover a conscientização da sociedade e desconstruir eventuais preconceitos relacionados à doença.

Mais de 140 milhões de pessoas em todo o mundo sofrem de transtorno bipolar, de acordo com dados recentes da Organização Mundial da Saúde (OMS). Várias celebridades já assumiram publicamente o diagnóstico de bipolaridade a fim de quebrar os preconceitos associados a distúrbios mentais. Recentemente, o cantor Lucas Lucco admitiu sofrer com o transtorno e anunciou seu afastamento dos palcos.

Apesar de cada vez mais divulgado, o transtorno ainda é muito estigmatizado. Comentários em tom pejorativo como “você é bipolar”, ditos para alguém que mudou de humor rapidamente, são muito comuns.  Tratar como trivial experiências vividas por quem sofre com esse diagnóstico é uma forma de banalização do transtorno e contribui para a desinformação e preconceito.

“Atribuir diagnóstico a si mesmo e aos outros pode dificultar aqueles que realmente sofrem com a doença ao diagnóstico e tratamento adequado, uma vez que na maioria dos casos, o indivíduo em sofrimento não consegue acessar informações sobre si mesmo”, afirma Romário Santos, psicólogo da Clínica Mundo Neuropsi.

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Bipolaridade afeta pessoas em todas as idades

Segundo Romário Santos, psicólogo da Clínica Mundo Neuropsi, na maior parte dos casos, a bipolaridade afeta pessoas em todas as idades, podendo acompanhar o indivíduo em sua fase adulta. Nos diferentes quadros, que variam de acordo com o paciente, tanto as fases depressivas quanto as fases maníacas podem durar dias a até meses.

“A bipolaridade é uma condição clínica, psicológica, psiquiátrica e mental, caracterizada pelas mudanças extremas de humor, com sintomas deeuforia, mania e até períodos de depressão profunda. Essas relações podem ser intensas e impactar de forma significativa a vida e o cotidiano daquele indivíduo”, afirma.

O psicólogo explica que, diferentemente da fase depressiva, caracterizada por falta de energia, pensamentos de baixo valor à vida e desmotivação, durante os episódios de mania, a pessoa experimenta um momento acentuado de energia, irritabilidade, impossibilidade, autoestima inflada e existe a possibilidade de se envolver em atividades de alto risco. Além disso, o especialista completa que pode também ocorrer pensamentos acelerados e dificuldade em manter o foco.

De acordo com Romário Santos, o transtorno bipolar não tem cura, no entanto, pode ser controlado com um método mais preciso, contando com uso de medicamentos, terapia e mudanças no estilo de vida.

“Também é importante que a família e pessoas próximas consigam identificar os possíveis sinais da doença para ajudar na conscientização do paciente e levá-lo ao cuidado adequado”, afirma o psicólogo.

Como reconhecer os sinais? Psicóloga explica

A psicóloga Dayana Passos, da equipe de psicologia da Casa de Saúde Saint Roman, explica que no transtorno bipolar, algumas áreas do cérebro e a ação de certos neurotransmissores são alteradas. Essa modificação nos níveis de funcionamento regular do órgão, ocasionam transformações nos padrões de energia, atividade e no humor do indivíduo, impactando diretamente na sua qualidade de vida.

No quadro de transtorno bipolar, nota-se a presença de episódios depressivos alternados com episódios de mania ou hipomania, que podem durar alguns dias e até meses.

“Assim, é muito importante observar na história de vida a ocorrência de momentos de euforia, aumento de energia, diminuição da necessidade de sono, aumento da libido, desinibição (comportamento inapropriado), impulsividade, gastos excessivos, dificuldade em concluir as atividades iniciadas, planos e projetos grandiosos, sensação intensa de bem-estar, aceleração na fala e no pensamento“, ressalta.

Em outros períodos, ocorre a presença de fadiga, perda de interesse ou prazer, desânimo, cansaço mental, humor deprimido, isolamento, ansiedade, irritabilidade e alterações do apetite.

Como tratar o transtorno bipolar?

Além da medicação, a psicoterapia pode ajudar, entre outras práticas que sempre são saudáveis para a saúde mental, como atividade física e psicoeducação. “Então, é um tratamento que muitas vezes é multidisciplinar, mas raramente não precisa lançar mão de medicação”, finaliza o médico.

Segundo a psicóloga, em paralelo ao uso de medicação adequada, o processo de psicoterapia e mudanças no estilo de vida podem estabilizar o quadro, controlar a evolução do transtorno e reduzir a ocorrência de crises

“Como o estresse costuma ser um ponto de vulnerabilidade no transtorno bipolar, pode ser muito útil estruturar uma rotina, que contemple: horário para dormir/acordar, a adoção de tempo apropriado de sono, regularidade nos horários de alimentação, inserção de atividade física e atividades relaxantes no dia a dia e a eliminação do uso de substâncias psicoativas”, pontua a psicóloga.

Com Assessorias

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